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Ocupação Machado de Assis

Projeto vencedor do Prêmio Caixa 2009 – Reabilitação de Edifícios em Áreas Centrais

Com inúmeros edifícios e equipamentos industriais abandonados, o bairro portuário da Gamboa abrigava no começo dos anos 2000 ocupações organizadas de moradia como Chiquinha Gonzaga (2004) e Zumbi dos Palmares (2006). Na rua da Gamboa, uma fábrica foi ocupada em 2008 de forma inicialmente organizada por três movimentos populares de luta por moradia. O prédio chegou a abrigar 200 famílias que, em sua maioria catadores, ambulantes e trabalhadores informais, resistiam de maneira coletiva na gestão do espaço, na luta judicial pelo direito a moradia e contra as constantes ações policiais.

“Hoje a ocupação Machado de Assis vive sua fase mais crítica e populosa. (…) Sabemos que o prefeito Eduardo Paes está disposto a usar de sua ordem de choque para concluir esta prometida faxina na cidade, que vai muito além da interdição das mesas de bar nas calçadas do Leblon. A notícia da transferência da Câmara dos Vereadores para a zona portuária reforça a possibilidade de uma intervenção imediatista e indiferente ao futuro dessas pessoas.

As famílias determinaram seu espaço com tapumes de madeira e pedaços de papelão, ocupando os quatro andares do prédio principal. O encanamento dos poucos banheiros da fábrica, utilizados por todos, não funciona. A água que passa pela tubulação antiga tem alto teor de ferro, causando problemas de saúde, especialmente nas crianças. A rede elétrica também é precária, sendo necessários mais de 400 metros de fio.

São muitas as necessidades dessas famílias, mas a questão sanitária precisa de solução urgente. A arrecadação de doações como alimentos e roupas ficou prejudicada com o fim do Coletivo e os casos devem ser analisados individualmente. No entanto, alguns itens são do interesse de todos. A ocupação necessita imediatamente de doações de material de limpeza para que se inicie o processo de remoção do lixo amontoado no local. O sistema de escoamento está obstruído e a água da chuva fica acumulada nas partes rebaixadas do térreo, que se transformaram em um depósito de entulhos. Os moradores sofrem com a concentração de mosquitos e ratos no terreno.” [texto completo]

A proposta de arquitetura conta com o térreo de uso coletivo, com áreas comuns e comércio; e os demais andares residenciais. O programa foi montado coletivamente nas assembleias semanais, através de diferentes dinâmicas de planta baixa 1:1 no local. “A gente precisa de um apartamento que atenda tanto uma família de 7 pessoas quanto quem mora sozinha, existe isso?” Diante da diversidade de formatos de família e as constantes chegadas e saídas de pessoas conforme relato de vários moradores, a ideia foi pensar cada unidade habitacional a partir de um núcleo estruturador (sala/wc/cozinha) ligado por um corredor flexível. Sua extensão varia de acordo com a quantidade de quartos por unidade e pode ser renegociada entre vizinhos no passar do tempo.

Ocupação Machado de Assis: Central de Movimentos Populares (CMP) e Frente de Luta Popular (FLP).
Projeto de arquitetura:
Luísa Bogossian, Danilo Filgueiras, Carina Carmo, Gustavo Mourão.
Orientadora: Margareth Pereira.
Localização: Rua da Gamboa, Rio de Janeiro/RJ
Ano: 2009
Área: 800m²
Fotos: Manuela Cantuária [ver flickr] e Carina Carmo
Vídeos: Luisa Bogossian